Conseguir uma função de liderança e construir uma carreira sólida e ter sucesso, ir além, é o grande sonho de todos. Infelizmente, os especialistas garantem que para alcançar esse objetivo, é necessário ter-se centenas de qualidades e características pessoais. A pessoa tem que ter dons inatos de liderança, saber trabalhar em equipe, saber se relacionar, ser eficiente, falar vários idiomas, conhecer diferentes culturas, ter inúmeros diplomas, MBA, Phd, etc, e ainda conseguir tempo para ser um profissional perfeito, pro-ativo, ético e leal, com todas as qualidades exigidas pelos especialistas. A verdadeira “síndrome do super-homem ou mulher maravilha”, da busca da perfeição, pressão permanente da nossa cultura judaico-cristã. Isto não está certo.
Antes de qualquer coisa, ser líder é uma tarefa a ser executada, e que para tal depende da vontade pessoal de cada profissional. Desejar liderar, gostar de organizar o trabalho de pessoas, assumir responsabilidades, definir alternativas, etc, pressupõe gostar de fazer isso. Analisando a carreira dos profissionais que conseguiram chegar a posições de liderança e ao sucesso, percebe-se que são pessoas muito focadas e centradas e que aplicaram até o limite a sua vocação ou dom natural. O segredo é não gastar tempo e dinheiro tentando ser menos ruim naquilo que você não é bom. A idéia é gastar tempo e dinheiro para ficar melhor ainda naquilo que já se é naturalmente bom, que se tem prazer de fazer.
Existem, no entanto, cinco competências essenciais que, mesmo não sendo dom ou habilidade natural, devem ser aprendidas e melhoradas. O mundo empresarial exige estas competências essenciais para o sucesso. As tarefas básicas da atuação de um líder nas empresas, ou seja, planejar, organizar, decidir, avaliar, liderar, comunicar, gerir, negociar, controlar, etc, pressupõe de alguma forma a utilização de uma ou várias dessas cinco competências. Quem já é bom em uma delas deve procurar melhorar, quem não é bom, tem que ficar “menos ruim”.
Apenas a título de ilustração para cada uma das competências vamos associar a uma ou mais tarefas nas quais ela é importante, mas ressaltamos que elas são importantes em todas.
A arte de influenciar pessoas.
A primeira das competências essenciais, não necessariamente pela ordem de importância, é a capacidade de influenciar fatos e pessoas, ou seja, a capacidade de fazer com que pessoas entendam o que você quer, acreditem em você, ou que coisas aconteçam porque você conseguiu que pessoas as fizessem. Essa competência é fundamental, por exemplo, em liderança, porque como já ficou dito, nas novas organizações, líder não é aquele que impõe, mas sim aquele que influencia. É claro que esta capacidade é extremamente útil em negociação, importante na gestão de pessoas, na fixação de objetivos compartilhados, etc. A arte de influenciar pessoas pode ser aprendida. Na verdade, é a arte da venda de suas idéias, é a arte de convencer pessoas a trocar suas convicções e padrões por novas alternativas, que sejam mais úteis e importantes ao processo.
A capacidade de escolher, optar.
A segunda é a capacidade de escolher, ou seja, optar-se por uma alternativa ou coisa e abrir mão das demais, ou de todo o resto. Todos nós temos uma dificuldade em escolher. Não pela dificuldade em optar, mas sim pelo medo de não estar fazendo a escolha certa, pelo receio de talvez existirem outras alternativas melhores, ainda desconhecidas. Quando o barco está afundando, não se convoca uma reunião, dá-se ordens, definem-se caminhos, parte-se para a ação. Nem sempre se pode ter a certeza de que a ordem dada, o caminho definido e a ação escolhida sejam as melhores alternativas. Na vida empresarial não fazer, não tomar a decisão é sempre muito pior que fazer uma escolha, mesmo que não ideal, decidir e realizar. Esta competência é essencial nos processos de negociação e nos momentos de tomada de decisão. Para negociar ou mandar é preciso ter um sentimento de certeza e existem técnicas para racionalizar e garantir um pouco mais a definição de alternativas, o que facilita a escolha.
É fundamental ressaltar que esta sensação de certeza, esse desprendimento pessoal que aceita a possibilidade de erro, vai além dos métodos e das técnicas, e está intimamente associada com a auto-imagem e auto-confiança. Se um líder pretende melhorar sua capacidade de decidir e de escolher é fundamental que além das técnicas e das características naturais ele aprofunde o auto-conhecimento e amplie sua auto-confiança. É importante buscar-se razões mais profundas.
A empatia.
A terceira competência é a capacidade de ter e desenvolver empatia, de perceber o que os outros querem, e conseguir que os outros percebam o que você quer. Empatia é ser percebido (transmitir o que sou e quero), é perceber a necessidade dos outros (o que ele é e precisa) e finalmente, mesmo sem falar, estabelecer um “contrato” (eu vou fazer ou ser, o que você precisa ou quer). Empatia é o contrato, o acordo mútuo, a percepção mútua. Não existe tarefa ou ação empresarial que prescinda da boa comunicação.
Comunicação é a capacidade de ouvir o que os outros querem dizer, sobretudo aquilo que não foi dito, e de dizer aos outros, o que efetivamente você quer dizer. Alguns têm como característica pessoal, sobretudo, os emotivos uma habilidade natural, uma empatia e intuição muito desenvolvidas. Mas, empatia se desenvolve. Comunicar se aprende. Comunicar não é habilidade de falar bem, já que 93% da comunicação é não verbal. O tom da voz, a expressão corporal, as condições, “falam” muito mais do que as palavras.
Para transmitir e convencer é importante encontrar as pessoas onde elas estão, lingüisticamente falando, ou seja, é importante estabelecer o "rapport" com elas. Para isso é importante usar a mesma linguagem, ou seja, o mesmo estilo comportamental, o mesmo vocabulário, conteúdo, velocidade com que fala, volume da voz, mesma postura e o mesmo gestual. Como o corpo fala muito mais alto que a voz é importante buscar-se uma postura corporal semelhante à da pessoa, tipo espelho, ou simetria corporal, mas, fazer com naturalidade para transmitir confiança.
A pessoa só vai conseguir fazer uma carreira de sucesso e atingir postos de liderança se ela tiver a comunicação adequada com todos os envolvidos; com clientes, com fornecedores, com subordinados e superiores, ou seja, com toda a comunidade que o cerca. Esta competência também está muito ligada à capacidade de influenciar pessoas, portanto, as tarefas de liderança, já que para influenciar você tem que conseguir se comunicar de maneira adequada com cada pessoa.
Controlar emoções e situações.
A quarta competência é a capacidade de controlar as emoções e situações. Isso começa sempre por um auto-controle, pois quem não se controla, não vai controlar ninguém, nem nenhuma situação, portanto, não será líder, estará liderado pelo ambiente. Ter auto-controle não significa eliminar os sentimentos, não sentir, mas sim usar adequadamente estes sentimentos. É não precisar reagir descontroladamente a uma situação, ou a um fato, é evitar responder sem pensar. O importante é saber usar o sentimento. A competência em gerenciar pessoas ou projetos depende basicamente da capacidade de se controlar. Mas não é só isso. Para negociar é preciso ter auto-controle, para decidir é preciso ter auto-controle. Enfim, para todas as tarefas de uma empresa o auto-controle é fundamental.
Auto-controle é natural para as pessoas mais racionais, mas isto não quer dizer que não se possa desenvolver esta capacidade. A forma mais simples e direta é descobrir quais são os fatores e situações disparadores da perda de controle. Em seguida, é procurar resignificar, tentando criar uma nova seqüência percepção-ação. Os conceitos e princípios da programação neurolingüística podem facilitar esse processo. É claro que se pode recorrer a métodos mais profundos ou a atitudes mais radicais.
Capacidade de antecipar.
A última, mas não menos importante, é a capacidade de antecipação, de pensar na frente. O bom líder é aquele que avalia e prevê o que vai acontecer. Não é aquele que apenas reage sobre aquilo que já aconteceu. Para não ser pego de surpresa o líder tem que antecipar, ou seja, tem que estar atento e vigilante. Como é humanamente impossível estar vigilante em tudo, só se pode avaliar e antecipar aquilo em que se decidiu se manter informado, atento.
Antecipar é estabelecer prioridades e interesses. É definir aquilo que se precisa conhecer e acompanhar em detalhes, e manter uma vigília estratégica. O futuro não é uma adivinhação, mas a conseqüência do que já está acontecendo. É como se o proprietário da casa aonde você mora há muitos anos lhe pedisse para sair porque a filha vai casar e morar lá. De repente, naquele mesmo caminho que você faz todo dia da casa para o trabalho, você começa a perceber que existem inúmeras placas de casas para vender ou alugar, que você, quando não precisava, nem notava. Você vê o que você quer ver, ouve o que quer ouvir. Portanto, para poder estar vigilante na prospecção do futuro, é fundamental definir-se qual é o projeto de vida, os objetivos e ficar atento monitorando aquilo que é importante para a carreira, o projeto, a empresa, etc. E esta é a arte do Sucesso na carreira, ter um projeto, amplificar as competências naturais e desenvolver as competências essenciais.
Estas provavelmente são as tão procuradas chaves para o sucesso.