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07/12/2023 - Fusões e aquisições aceleram no setor de franquias de educação com corrida por habilidades do futuro
Por Paulo Gratão - PEGN
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Crianças com óculos de realidade aumentada em sala de aula — Foto: Freepik
O avanço tecnológico, sobretudo na área de inteligência artificial, e as mudanças no comportamento de compra trouxeram transformações para o mercado de trabalho – o que tem movimentado a busca pelas “habilidades para o futuro” no setor de educação. Depois de alguns movimentos em grandes conglomerados, 2023 ficou marcado como a vez das redes de franquia de ensino, que protagonizaram ao menos quatro movimentos de fusões e aquisições nesse segundo semestre. Especialistas apontam que a tendência é que isso se intensifique em 2024.
Empresários e redes tradicionais do segmento, como Carlos Wizard Martins, Centro Britânico e a rede CNA, que se especializaram em apenas uma disciplina ou um conjunto de temas, movimentaram-se para buscar negócios complementares no mercado ou aumentar a própria capacidade de oferecer mais opções para o aluno.
FRANQUIAS: O QUE VOCÊ PRECISA SABER
Rogério Gabriel, diretor-adjunto de planejamento estratégico da Associação Brasileira de Franchising (ABF) e diretor da comissão de educação da entidade, diz que as redes passaram por intensas transformações ao longo de 2020 e 2021, que as obrigaram a “olhar para dentro” e entender como deveriam se transformar para o novo cenário, além da inclusão das aulas online.
“As franquias de educação começaram a observar quais oportunidades não estavam sendo capturadas, como poderiam captar mais alunos, quais serviços poderiam agregar, qual tipo de produto essa marca entrega e como poderia melhorar”, diz.
No terceiro trimestre de 2023, as redes de serviços educacionais faturaram R$ 3,7 bilhões, um crescimento de 4,9% em relação ao mesmo período do ano passado – um avanço abaixo da média do franchising geral, que foi de 11,4%. A maior parte das escolas consultadas ainda não recuperou o número de alunos de 2019.
“Os resultados estão iguais ou maiores do que em 2019, mas, ao mesmo tempo, não dá mais para entregar a mesma coisa para o aluno que saiu na pandemia e voltou agora. O cliente viveu experiências diferentes e pede por entregas diferentes e melhores”, diz Gabriel, que também é CEO da MoveEdu, holding que abriga redes como Prepara Cursos e Microlins.
Aumento de portfólio
Oferecer novas possibilidades para o aluno foi o que motivou a Happy (ex-Happy Code) a adquirir a rede tradicional de ensino de idiomas Centro Britânico. O anúncio foi antecipado por PEGN no último mês de agosto.
Otoniel Reis, COO da Happy, conheceu Bruno Gagliardi, então CEO do Centro Britânico, em um evento do setor. “A Happy tinha crescido muito em 2019, mas ainda faltava algo. A pandemia nos permitiu olhar para o negócio e entender que programação era apenas um meio para desenvolver a habilidade dos jovens, e não o fim”, contou Reis a PEGN.
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Bruno Gagliardi, CEO do Centro Britânico, e Otoniel Reis Filho, COO da Happy — Foto: Divulgação
Na ocasião, William Matos, CEO do Grupo Happy, disse que o movimento se deu pela necessidade de oferecer ensino de inglês para os alunos que já buscavam a rede para formação em educação financeira e oratória, além de programação. Gagliardi continuou na operação e as novas escolas passaram a ser inauguradas com as duas marcas.
Cerca de dois meses depois, a Supergeeks, concorrente direta da Happy, anunciou a aquisição de outra escola de programação, a CodeBudy, que era do grupo Gera, de Jorge Paulo Lemann. O curso e a metodologia da antiga rede passaram a ser incorporados à grade, e o foco é o posicionamento da rede como um “hub de educação de competências do futuro”. Até o final de 2024, a projeção é de aumentar em 50% o número de franquias.
Outra rede tradicional que se movimentou nesse sentido foi o CNA, especializada em ensino de idiomas há mais de 50 anos, que comprou a rede de programação e robótica para crianças, a CTRL+Play. De acordo com comunicado enviado pela rede, o plano, em um primeiro momento, é vender franquias da nova rede para os atuais franqueados instalarem a escola no mesmo espaço.
Capilaridade
O advogado empresarial Leonardo Roesler diz que, além da necessidade de adaptação tecnológica e diversificação do portfólio, as fusões e aquisições no segmento têm o objetivo de ajudar empresas mais capitalizadas a ganhar escala com mais facilidade, um trunfo das redes. “Franquias educacionais estabelecidas, muitas vezes com forte presença em mercados locais ou regionais, tornam-se alvos atraentes para conglomerados educacionais que procuram ampliar sua presença global”, diz.
Essa foi a razão pela qual a Atom S/A, da empresária Carol Paiffer, anunciou a aquisição de 51% da rede de franquias Centro Brasileiro de Cursos (Cebrac), especializada em ensino profissionalizante, em novembro. De acordo com a marca, o objetivo é aumentar a capilaridade presencial da Atom por meio das 80 unidades físicas do Cebrac. Segundo afirmou Rogério Silva, CEO da rede de ensino, em comunicado enviado à imprensa, para os franqueados “a melhoria se dará na expansão do digital”. O Cebrac faturou R$ 140 milhões em 2022.
O empresário Carlos Wizard Martins foi outro que movimentou o mercado nos últimos meses. Ele comprou 50% da rede Enjoy, focada no ensino de idiomas e cursos profissionalizantes para as classes C e D. A empresa foi fundada pelos empreendedores Denis Sá e Oswaldo Segantim Junior e tem pouco mais de 100 unidades em funcionamento, além de 100 negociadas.
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Carlos Wizard Martins e Denis Sá, sócios do Grupo Wiz — Foto: Divulgação
Com a compra, Martins constituiu o Grupo Wiz, que abarca a marca Mister Wiz, lançada para o mercado no ano passado, com o objetivo de ensinar empreendedorismo para crianças e adolescentes, e a Enjoy, que prepara jovens para o mercado de trabalho. Juntas, as duas escolas têm 310 unidades, entre abertas e negociadas. O valor da compra da Enjoy não foi revelado, mas o grupo prevê um faturamento acumulado de R$ 100 milhões nos próximos três anos.
O movimento acontece exatos dez anos após a venda do Grupo Multi para a britânica Pearson em 2013, por R$ 1,7 bilhão. Em entrevista a PEGN, o empresário diz que o objetivo é, de fato, repetir o que ele conseguiu com o Grupo Multi, quando viveu seu auge como empresário. Na época, ele chegou a realizar dez aquisições, que somaram 3 mil escolas.
“A Mr Wiz tem como estratégia seguir o mesmo caminho que deu certo lá. Fizemos a primeira aquisição e vamos continuar de olho no mercado”, afirma. No entanto, o panorama do segmento de educação é diferente de quando ele formou o Grupo Multi, ao longo dos anos 2000. “Hoje o aluno ou o pai não busca uma matéria só, como o inglês. Busca algo multidisciplinar, que o prepare para o futuro”, afirma.
Martins se aproximou dos fundadores da Enjoy em 2020, durante a pandemia, quando a esposa de Denis, Priscila Sá, o convidou para iniciar uma série de lives com o tema "fé, família e prosperidade". O ciclo de lives se estende até hoje.
Denis conta que a ideia de sociedade surgiu no ano passado, quando Martins abriu a Mister Wiz. “Ele me chamou para ser sócio, mas eu não tinha condição nenhuma, ainda estava com meu outro sócio”, conta. Ele, então, teria feito uma contraproposta: que Martins se tornasse sócio da Enjoy. “Assim, uma escola ficaria focada em empreendedorismo e a outra em empregabilidade, que é o nosso modelo”, diz.
A Enjoy, que continua tendo Denis Sá como presidente, e a Wiz, que é comanda pelo filho de Martins, Felipe Martins, devem ganhar companhia em breve. O fundador afirma que está de olho em novas aquisições, sobretudo de empresas que tenham tido um desempenho crescente nos últimos cinco anos, com boa margem de lucro e que sigam uma tendência de mercado. “O governo brasileiro, historicamente, investe pouco na educação. Sobra para a iniciativa privada fazer o preenchimento dessa lacuna. Vemos ter espaço suficiente nas próximas décadas nesse mercado”, afirma.
Oportunidades no ensino básico
Gabriel, da ABF, também menciona como oportunidade para o segmento a própria situação do ensino regular. Grande parte das redes tem como foco de expansão esses espaços, em um modelo conhecido como school in school. “É diferente quando um especialista leva o conteúdo para o espaço escolar do que quando a própria instituição oferece. Com o tempo, os próprios pais percebem”, diz.
A recente edição do ranking Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), no entanto, que coloca o Brasil na 65ª posição mundial em Matemática, acende mais um alerta e pode ser um chamariz para franquias que tenham como foco o ensino básico, seja com a educação regular, seja com reforço. “As redes que atuam nesse foco ensino básico com soluções inovadoras tem oportunidade de crescimento e passam a ser alvo de aquisições”, afirma o diretor da ABF.
Crescimento orgânico também deve despontar
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José Julio Segala, vice-presidente do Kumon na América do Sul — Foto: Divulgação
Gabriel, da ABF, diz que os M&As devem continuar, sobretudo pela percepção que ele tem como presidente da comissão de educação da entidade. No entanto, o crescimento orgânico das redes, com investimentos próprios, também deve evoluir, por conta das condições de crédito e de índices econômicos "mais favoráveis". "Com o M&A compra-se tempo, mas todo mundo vai se mexer. As redes sabem que o aluno não pode voltar e encontrar a mesma escola de 2019.”
O Kumon, uma das maiores redes de microfranquia em operação no país – o investimento é a partir de R$ 80 mil –, foi uma das que precisou se virar tecnologicamente nos últimos anos. Com a diferença de que a matriz da rede, no Japão, foi quem conduziu o processo. “O projeto de digitalização do material didático, que estava caminhando de forma conservadora, foi acelerado na pandemia e começamos a colocar em mais escala”, diz José Julio Segala, vice-presidente do Kumon na América do Sul.
Por meio do Kumon Connect, que começou em 2021 e hoje está em 367 unidades, o aluno tem acesso à correção da lição em menos tempo e pode acessar de qualquer lugar. O franqueado também ganha mais tempo para prospectar novos estudantes.
De acordo com Segala, nas unidades em que a tecnologia já funciona, houve um crescimento médio de 10% no número de alunos, enquanto na rede em geral está em torno de 2%. O diretor afirma que 15 mil alunos estão usando o sistema atualmente. “O Brasil é foi o país que cresceu mais rapidamente no número de alunos”, diz. O plano é chegar a 1.503 escolas até o fim de 2024, 80% do total.
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06/12/2023 - Setor de serviços do Brasil cresce em novembro no ritmo mais rápido em 5 meses
O setor de serviços brasileiro cresceu pelo segundo mês seguido e no ritmo mais rápido em cinco meses, graças a altas sustentadas nas vendas e na produção diante da resiliência da demanda, apontou a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês).
O PMI compilado pela S&P Global e divulgado nesta terça-feira avançou em novembro a 51,2, de 51,0 no mês anterior, marcando a melhor leitura desde junho. O nível de 50 separa crescimento de contração.
Os dados de novembro mostraram um segundo aumento mensal nos novos negócios, o que os participantes da pesquisa atribuíram à melhora das condições da demanda e a eventos locais. Embora a taxa de crescimento tenha sido mais fraca do que em outubro, foi a segunda mais forte desde junho.
Os esforços para avançar com novos contratos, iniciativas de reestruturação e condições melhores da demanda ajudaram nas contratações entre as empresas de serviços, e o nível de emprego aumentou mais rápido do que em outubro.
O cenário para a inflação no setor foi misto. Os custos dos insumos subiram a uma das taxas mais fracas em mais de três anos, mas houve alta mais forte nos preços de venda.
Houve relatos de custos mais altos de energia, alimentos, de mão de obra, gasolina e material para reformas. Os fornecedores brasileiros repassaram os custos adicionais aos clientes e elevaram os preços cobrados em novembro, levando a taxa de inflação a uma máxima de cinco meses.
A confiança dos fornecedores de serviços brasileiros permaneceu positiva em novembro, com 54% dos participantes prevendo níveis mais altos de atividade ao longo dos próximos 12 meses. No entanto, havia preocupações entre alguns relacionadas a políticas públicas e taxas de inadimplência.
O resultado do setor de serviços ajudou o PMI Composto do Brasil a expandir pelo segundo mês seguido, apesar da contração do setor industrial no mês. O PMI Composto subiu a 50,7 em novembro, de 50,3 em outubro, também o ritmo mais forte desde junho.
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05/12/2023 - Innovation Festival 2023 discute amplitude e complexidade da inovação brasileira
Por CAMILA DE LIRA - Fast Company Brasil
A terceira edição do Innovation Festival abraçou a amplitude de discussões sobre inovação no Brasil. Do mercado mainstream e milionário dos games até os modelos de negócio de criadores de podcast. Do uso prático ao uso criativo da inteligência artificial generativa. Da tecnologia sustentável à nova relação das pessoas com a mudança climática. Dos novos significados de trabalho e maturidade aos novos propósitos para companhias. Do empreendedorismo periférico às big techs. Nenhum assunto ficou de lado, mesmo quando as opiniões conflitaram.
O fio que conduziu a programação foi a ideia de que nem a tecnologia nem a inovação são neutras. Elas não acontecem sozinhas e nem podem ser fruto de uma única visão de mundo. A inovação brasileira é feita para quê? Para quem? A quem ela beneficia? De quem ela esquece?
Em dois dias (29 e 30 de novembro) de atividade intensa, o festival também foi palco para lançamentos inovadores. Como o de RIE, primeiro chatbot não binário treinado para responder perguntas sobre linguagem neutra. Fruto da parceria entre a brasileira Diversity Bbox e a Futurity Systems, o bot usa inteligência artificial generativa para apoiar a inclusão do público trans e queer.

Crédito: Fast Company Brasil
Também no festival, a startup brasileira Zentek informou que recebeu aporte do Google Startups. O CEO da companhia de assistentes de seguros, Ailton Cardozo, foi um dos fundadores de startups que fazem parte da BlackRocks Ventures, hub de inovação que promove o protagonismo negro.
A insurtech demonstrou como usa inteligência artificial para agilizar a conexão entre consumidores e seguradoras. A fundadora da BlackRocks, Maitê Lourenço, usou o espaço para sublinhar a potência do empreendedorismo preto brasileiro na área de inovação. A executiva levantou dados e ainda mostrou o quanto aqueles que investem precisam olhar para fora de suas bolhas.
O especialista em RH, psicólogo, professor e consultor, Genesson Honorato lançou a iniciativa de criar um think thank para repensar as relações das pessoas com a tecnologia – especialmente para pesquisar o vício e a perda de atenção por conta do ambiente multitelas.
Falando sobre reinvenção do trabalho, Honorato ressaltou que não há como falar sobre a semana de quatro dias úteis se não houver uma conversa sobre como as pessoas estão usando o tempo “fora do trabalho”.
EMPREENDEDORISMO E INFLUÊNCIA
O festival acolheu a complexidade do mundo da inovação brasileira sem fugir dos assuntos espinhosos e desconfortáveis. Como afirmou a especialista em ESG e criatividade, Erlana Castro, o desconforto também é um gerador de transformação. A professora da Fundação Dom Cabral liderou a mesa de conversas sobre ESG além do greenwashing no primeiro dia do Innovation Festival.

Erlana Castro (Crédito: @monking.br)
No debate, houve a indicação de que as companhias do futuro terão que ser guiadas por mais do que ações, planos e criatividade, mas também por ativismo. “Precisa de um nível de desconforto. As empresas precisam parar de ter medo de ter as conversas difíceis”, disse Erlana.
Já o painel com a coordenadora da Redes da Maré, Pâmela Carvalho aconteceu de forma remota. A pesquisadora e ativista não comparecer presencialmente por conta de uma operação policial no Conjunto de Favelas da Maré. Atividades na região foram suspensas para manter a segurança da população do local.
Em um momento emocionante para o público, o mestre de cerimônias do primeiro dia do festival, Pedro Cruz, falou sobre sua experiência com esse mesmo tipo de situação. E ainda puxou uma salva de palmas para Pâmela e para os moradores da Maré. Mesmo de longe, a apresentação da pesquisadora exalou energia, conhecimento e inspiração.
Em sua fala, ela exaltou o empreendedorismo periférico e ressaltou o poder cultural da favela. Em uma citação ao grupo Racionais MC, Pâmela demonstrou que o empreendedorismo da favela é voltado para o coletivo.
Usar a influência para mobilizar grupos sobre temas sensíveis como a mudança climática é foco da Creators Academy. A organização se apresentou no Innovation Festival e mostrou o efeito agregador que a experiência na Amazônia pode trazer para influenciadores brasileiros. Jairo Malta, jornalista e criador de conteúdo que fez parte de uma das jornadas da Creators Academy foi exemplo disso.
Ele contou como a experiência de conhecer o território amazônico o conectou com a sua própria ancestralidade. A jornada mudou completamente a visão do jornalista sobre seu propósito e seus objetivos de vida.
“Percebi que poderia ocupar outros espaços, escutar outras vozes”, disse Malta, que é fundador da Corre, consultoria voltada para tornar organizações mais sustentáveis.

Crators na Terra Indígena Puyanawa, no Acre (Crédito: Edgar Azevedo/ Agência Brasil)
COMUNIDADES QUE FALAM MESMO
A importância da comunidade foi um dos temas recorrentes nas discussões. Seja as comunidades gigantescas, de mais de 700 milhões de usuários mensais, como é o caso dos dados do game FreeFire, seja nas audiências fiéis de podcasts. Quem protagonizou as conversas foram os próprios criadores.
O painel sobre mercado de games, liderado por Paulo Aguiar, da 3C Gaming, levou Nyvi Estephan e João Sampaio (conhecido como Flakes Power), dois grandes nomes do eSport brasileiro, para falar sobre a indústria de games. Flakes é o único nome do eSport da América Latina a ter uma skin(um traje) no Fortnite, um dos games mais populares do mundo.
Flakes indicou que a responsabilidade de quem se conecta com grupos grandes de pessoas é a conversa no longo prazo. Criar o sentimento de ligação e identificação é algo construído com o tempo.
Mesmo com estas grandes audiências, ainda há desafios para se manter relevante e importante para o público. Seja por meio de parcerias com marcas que ressoam com a audiência, seja participando e criando eventos novos para os eSports, como explicou Nyvi.
Embora com comunidades menores do que os fãs de eSports e pro-players, os criadores de podcasts passam por esta conexão com o público para crescer. "A relação com os ouvintes ajuda a conhecê-los mais e melhora a negociação com as marcas", afirmou Cris Bartis, cofundadora do podcast Mamilos. Bartis brincou que, apesar de não ter os números "fálicos" dos games, tem um público fiel o bastante para demandar certos assuntos e posicionamentos.
Já Theo Ruprecht criou o Ciência Suja para abordar temas científicos de forma crítica. O podcast conseguiu deslanchar graças às verbas de editais focados em jornalismo – uma forma de evitar conflitos de interesse com possíveis anunciantes.
A escritora e fundadora do É Nóia Minha, Camila Fremder, chegou a fechar um acordo de exclusividade com o Spofity, mas voltou com o formato independente para poder observar melhor a cadeia de produção do projeto.
REINVENÇÕES À VISTA
Não há inovação sem pensamento crítico. O que significa abarcar opiniões divergentes sobre assuntos que ainda não têm uma resposta fechada. Como o caso da IA generativa ou o conceito de propósito. A palavra foi enaltecida em alguns momentos, mas criticada no encerramento do evento. "Propósito sem ação é egotrip", afirmou o futurista fundador da Aerolito, Tiago Mattos.
Participativa e atenta, a plateia interagiu, perguntou e deu opiniões, mostrando que o espírito crítico é essencial para a inovação. Parte do pensamento crítico consiste em fazer perguntas, principalmente sobre os modelos atuais de negócios. Foi o que os pesquisadores do NetLab, Rose Marie Santini e Marcio Borges, levantaram em um painel sobre desinformação.

Pedro Cruz passa o microfone em forma de cubo para interação da plateia (Crédito: @monking.br)
Portais que propagam a desinformação alcançam mais do que o dobro de visualizações em potencial do que as fontes noticiosas legítimas. A explicação para esse fenômeno está no modelo de negócio das grandes companhias de tecnologia.
Esse formato privilegia a publicidade e vende espaços em sites, com pouca regulação ou regras internas pouco transparentes. Propagandas enganosas e golpes burlam o crivo e atingem audiências sensíveis e vulneráveis a essas informações falsas.
Um exemplo foi o uso recente do termo "desenrola Brasil", programa do governo federal para a quitação de dívidas. Os pesquisadores encontraram uma série de sites e anúncios que utilizam sistemas de impulsionamento das próprias plataformas, para se passar por órgãos oficiais.
De acordo com o Netlab, 10% do conteúdo divulgado na publicidade digital das grandes plataformas no Brasil é falso. “Quem entraria em um restaurante que tem chance de ter 10% da comida estragada? Quem seria o responsável neste caso? É o que acontece com as grandes plataformas, mas não apontam para elas”, afirmou Borges.

Paula Englert (Crédito: @monking.br)
Repensar sobre o que forma o mercado faz parte da inovação. As discussões sobre a “nova maturidade” tomaram forma no Innovation Festival, indo para além da conversa sobre times intergeracionais e abordando o próprio conceito do que significa envelhecer. Como trazer quatro gerações para colaborar? Qual o papel da tecnologia em integrar e não excluir as pessoas com mais de 50 anos?
Perguntas e mais perguntas, sem respostas prontas. Nem em ferramentas de inteligência artificial, como aquelas apresentadas por Pedro Borges, diretor de design da Work & Co e analisadas sob outra perspectiva pela CEO da Box 1824, Paula Englert.
"Uma revolução como a da inteligência artificial causa deslumbramento e medo, mas o meio termo entre os dois é o conhecimento", apontou a executiva.
Entre o deslumbre profundo e o medo de novas tecnologias, o Innovation Festival 2023 preferiu a diversidade, a racionalidade e a humanidade.
SOBRE A AUTORA
Jornalista formada pela ECA-USP, early adopter de tecnologias (e curiosa nata) e especializada em storytelling para negócios.
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04/12/2023 - Conheça a carreira que combina saúde mental com propósito – e está dando lucro para as empresas
Uma nova possibilidade de carreira permite às empresas experimentar benefícios por duas vias distintas. Se por um lado elas têm a chance de oferecer aos profissionais boa saúde mental e mais propósito, do outro podem aumentar suas chances de lucro. Estamos falando de ESG, sigla que está transformando o mundo dos negócios.
Segundo o relatório ESG Radar 2023, nove em cada dez executivos afirmam que investir nas diretrizes ESG trouxe retornos financeiros positivos para as organizações. Além disso, a implementação da agenda ESG também parece estar relacionada a um aumento na retenção de talentos. De acordo com uma pesquisa da startup Humanizadas, 85% dos colaboradores de companhias classificadas como sustentáveis afirmam estar satisfeitos e recomendam o trabalho atual.
Para aplicar essa estratégia, porém, é preciso um processo contínuo e dinâmico. A empresa deve estar disposta a ajustar suas estratégias à medida que as circunstâncias mudam e as expectativas dos stakeholders evoluem. Abaixo, listamos 5 passos para aplicar o ESG.
1. A alta administração da empresa está comprometida com o ESG?
Realize uma avaliação inicial para entender o atual envolvimento da empresa com questões ESG, em especial da alta administração. É preciso garantir que exista o comprometimento de líderes-chave com as pautas sustentáveis para a implementação eficaz do ESG.
2. Defina indicadores para acompanhar a evolução das práticas ESG
Defina metas claras e mensuráveis para todos os pilares do ESG (ambiental, social e de governança). É importante também identificar quais indicadores serão utilizados para avaliar o progresso em relação a essas metas ao longo do tempo. Ou seja: como a sua empresa saberá que as estratégias ESG foram implementadas com sucesso?
3. Incorpore práticas ESG nas operações diárias da empresa
Adote políticas ambientais sustentáveis, promova diversidade e inclusão e fortaleça a governança corporativa nas tarefas diárias. Certifique-se de que os funcionários também estejam cientes das práticas ESG e incentivados a contribuir para sua implementação.
4. Adote uma comunicação transparente
Comunique de forma transparente as iniciativas ESG da empresa para parceiros internos e externos. Desenvolva relatórios regulares que destaquem o progresso e os impactos positivos alcançados, demonstrando o compromisso contínuo com práticas sustentáveis e socialmente responsáveis.
5. Estabeleça o diálogo com parceiros estratégicos
Estabeleça um diálogo aberto e colaborativo com os parceiros estratégicos, incluindo clientes, fornecedores, funcionários e a comunidade local. Considere suas opiniões e sugestões para aprimorar e ajustar as estratégias ESG.
Como dar o primeiro passo agora?
Pensando nos líderes que buscam colocar em prática as recomendações anteriores, a EXAME desenvolveu a série ESG para Negócios.
O treinamento vai ao ar entre 04 e 12 de dezembro e acontece de forma virtual e gratuita. É uma oportunidade de ouro para executivos aprenderem, de uma vez por todas, como implementar o ESG em suas empresas. Além disso, a série promete mostrar os indicadores sustentáveis indispensáveis que toda organização deveria ficar de olho.
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01/12/2023 - Empregados batem recorde no Brasil e taxa de desemprego cai a 7,6% no tri
O número de trabalhadores ocupados no Brasil atingu um recorde de mais de 100 milhões no trimestre até outubro, levando a taxa de desemprego a cair a 7,6% e bater o menor nível desde o início de 2015, com aumento da renda.
Em um mercado de trabalho que segue resiliente no país, o resultado mostrou queda frente aos três meses imediatamente anteriores, até julho, quando a taxa havia ficado em 7,9%, de acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A leitura da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) nesta quinta-feira também mostrou recuo ante os 8,3% vistos no mesmo período do ano anterior, marcando a menor taxa de desocupação desde o trimestre encerrado em fevereiro de 2015, quando ficou em 7,5%.
O resultado ainda ficou um pouco abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de uma taxa de 7,7%.
“Temos um aumento não só quantitativo no mercado de trabalho, mas também qualitativo, puxado pela formalidade e ampliação da renda”, destacou a coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, Adriana Beringuy.
“O momento do mercado é de crescimento sustentado de aumento de trabalhadores, é algo sólido. Estamos diante de um cenário de recuperação da economia, e isso aparece no mercado de trabalho inevitavelmente”, completou.
Depois de um primeiro semestre de atividade econômica melhor do que o esperado, o mercado de trabalho brasileiro mostrou-se aquecido e a taxa de desemprego permanece em patamares baixos. Embora ela ainda possa registrar alta diante da esperada desaceleração da atividade econômica e dos efeitos defasados da política monetária restritiva, não é esperado um salto significativo.
“Olhando à frente, entendemos que os efeitos defasados da política monetária contribuirão para uma desaceleração da atividade econômica e um consequente aumento da taxa de desemprego, que ainda resistirá em patamares historicamente baixos por mais um bom tempo”, avaliou o PicPay em nota.
No trimestre até outubro, o total de ocupados no país chegou a 100,206 milhões, o maior contingente desde o início da série histórica, no primeiro trimestre de 2012. Houve aumento de 0,9% na comparação com os três meses até julho e de 0,5% sobre o mesmo período do ano anterior.
Já o número de desempregados caiu 3,1% sobre o trimestre imediatamente anterior, a 8,259 milhões de pessoas, marcando ainda uma queda de 8,5% na base anual.
Os trabalhadores com carteira assinada no setor privado aumentaram 1,7% nos três meses até outubro sobre o período anterior, indo a 37,615 milhões, maior número desde o trimestre encerrado em junho de 2014. Os que não tinham carteira cresceram 0,7%.
Entre as atividades pesquisadas, o destaque foi o aumento de 3,2% no número de pessoas empregadas em Transporte, armazenagem e correio.
“As atividades, de modo geral, retiveram trabalhadores. Parte do aumento da carteira assinada recorde vem dessa segmento (transporte, armazenagem e correio), que tem bom cobertura de formalidade. Então ajuda na abertura de vagas e na formalização”, disse Beringuy.
No período, ainda houve aumento da renda média real habitual, que chegou a 2.999 reais no trimestre até outubro, em comparação com 2.950 reais nos três meses até julho e 2.888 reais no mesmo período de 2022.
Segundo Beringuy, isso deriva da expansão dos ocupados com carteira assinada, que normalmente têm rendimentos maiores. “Ou seja, a leitura que podemos fazer é que há um ganho quantitativo, com um aumento da população ocupada, e qualitativo, com o aumento do rendimento médio”, disse ela.
Esse ganho, no entanto, chama a atenção de analistas no que concerne a inflação.
“O aumento do rendimento sem elevação da produtividade é um fator de preocupação, pois significa maior pressão na inflação de serviços”, alertou Claudia Moreno, economista do C6 Bank.
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30/11/2023 - 4 habilidades de liderança essenciais para enfrentar crises com sucesso
Na semana passada, testemunhamos uma série de abalos sísmicos no laboratório de pesquisas OpenAI, incluindo a demissão e o retorno dramáticos de um CEO, a nomeação de uma líder interina no setor de tecnologia, uma revolta dos funcionários para que a diretoria se demitisse e a transferência rápida do ex-CEO demitido para um cargo de liderança na Microsoft – tudo isso em menos de 48 horas.
Foi o suficiente para causar uma convulsão até no devoto de tecnologia mais apaixonado. Mas essa saga (que ainda está se desenrolando) é uma lição objetiva de como a masculinidade tóxica continua a dominar o Vale do Silício e reverbera no tecido de nossa cultura corporativa e nas ferramentas que continuam sendo desenvolvidas.

Créditos: People Images/ dem10/ iStock
Os problemas estruturais relacionados à equidade, ou à ausência dela, são muito evidentes. Já sabemos que as mulheres de todos os setores – não apenas o de tecnologia – são excluídas da liderança.
Uma pesquisa recente revelou 30 características e qualidades diferentes da identidade de uma mulher, desde sotaque até raça, residência e posição ocupacional, que se tornaram motivos de discriminação, criando barreiras para o sucesso das mulheres.
A mensagem clara para elas é que, independentemente do que sejam, elas "nunca serão a pessoa certa." Esse é apenas mais um motivo pelo qual tantos homens incompetentes se tornam líderes.
O mandato de Mira Murati como CEO durou menos de 48 horas, e por isso não há como saber que tipo de líder ela teria sido. Mas, embora bons profissionais geralmente sejam promovidos a cargos de liderança mesmo sem ter boas habilidades de gerenciamento, é possível ser bom em uma área específica e também ter talento para gerenciar e liderar.
COMUNICAÇÃO
Pesquisas complementares revelam que as mulheres são melhores em liderar em situações de crise simplesmente por causa da capacidade de comunicação.
PESQUISA REVELOU 30 CARACTERÍSTICAS DA IDENTIDADE DE UMA MULHER QUE SE TORNARAM MOTIVOS DE DISCRIMINAÇÃO.
"As mulheres usam, em média, de 10 mil a 20 mil palavras por dia, enquanto os homens usam de cinco mil a 10 mil. Sabendo que a comunicação é uma das habilidades mais importantes para mitigar uma crise em um primeiro momento, é fácil compreender por que os líderes que se comunicam mais podem ter uma vantagem", aponta a engenheira de software e redatora técnica Nahla Davies.
Alexa von Tobel, fundadora da Inspired Capital, observa que a comunicação é uma habilidade crucial de liderança, especialmente em tempos de crise. Isso vale para fazer alterações conforme necessário e encerrar um ciclo.
"Sim, você precisa resolver o problema principal. Mas a comunicação pode ajudar a fazer com que todos se sintam incluídos em sua jornada e lhes dar a confiança de que você tem a situação sob controle", afirma.
APRENDIZADO CONTÍNUO
Também sabemos que mulheres encarregadas da liderança durante crises, muitas vezes, recebem uma tarefa impossível: tentar recuperar um navio que está afundando. Esse cenário de desastre iminente tem atormentado muitas CEOs mulheres (como Meg Whitman, da HP, e Marissa Mayer, do Yahoo).
A LIDERANÇA EM SITUAÇÕES DE CRISE EXIGE UM NÍVEL DE CRIATIVIDADE QUE PODE SER DIFÍCIL ATÉ NOS MELHORES MOMENTOS.
À primeira vista, parece que qualquer líder, de qualquer gênero, relutaria em assumir grandes riscos até que as coisas se estabilizassem. Mas isso muitas vezes é um erro, de acordo com Kimberly King, da Hitachi Vantara.
"Cultive uma cultura de aprendizado contínuo, em que cada contratempo se torne uma peça-chave de sua experiência. Aproveite esses momentos cruciais para refinar suas estratégias, aprimorar sua capacidade de tomar decisões e cultivar a inteligência emocional."
CRIATIVIDADE
A liderança em situações de crise exige um nível de criatividade que pode ser difícil até nos melhores momentos. No entanto, como diz o , "Se você quiser que sua empresa sobreviva e prospere, é fundamental ser um líder de mente aberta, que se adapte rapidamente às mudanças. E não é só isso: Você tem que inspirar sua equipe a fazer o mesmo", diz James Burstall, CEO da produtora de TV Argonon.
CONFIANÇA
É claro que é mais fácil falar do que fazer, mas, quando o caos e a incerteza estão presentes, é importante medir o estado de suas equipes com a maior frequência possível, aconselham Henrique Dubugras e Neal Narayani, da Brex.
"Faça pesquisas com seu time regularmente para pedir feedback, alterne conforme necessário e seja totalmente transparente nos processos de tomada de decisão", dizem eles. "Se você estabelecer uma base de confiança, sua equipe o apoiará."
Por falar em confiança, é absolutamente fundamental para a saúde e o futuro de uma empresa garantir que os líderes e os membros da equipe confiem uns nos outros.
"Os líderes que entendem como os vaivéns e oscilações da vida se relacionam com os desafios e sucessos da empresa serão aqueles que saberão exatamente quando abrir mão do controle e confiar em seus funcionários - o que impulsiona o sucesso" aponta Yamin Durrani, CEO da empresa de soluções de segurança Kami Vision.
SOBRE A AUTORA
Lydia Dishman é editora sênior de growth & engagement do site fastcompany.com
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29/11/2023 - Amazon lança assistente de trabalho baseada em IA generativa
Com frases como “a inteligência artificial generativa é o próximo passo e vai reinventar tudo” e “você pode dar adeus às tarefas chatas e entediantes”, o CEO da AWS, Adam Selipsky, anunciou que o braço de serviços da nuvem da Amazon está lançando uma assistente de trabalho baseada em IA generativa. Chamada Amazon Q, a solução foi apresentada em primeira mão aos 50 mil participantes do AWS Re:Invent, a conferência anual da empresa, que acontece em Las Vegas, nos EUA.
O anúncio, feito no segundo dia do evento, vem em meio a uma disputa das big techs para não ficar para trás na corrida da inteligência artificial e teve até alfinetada na grande concorrente no segmento, a Microsoft — enquanto Selipsky falava sobre a preocupação da AWS com a proteção dos dados dos clientes, o telão do auditório mostrava uma notícia cujo título informava que a Microsoft precisou restringir brevemente o acesso dos colaboradores ao ChatGPT por motivos de segurança.
A nova ferramenta é capaz de integrar quaisquer dados de uma empresa e, então, sugere soluções com base nos modelos de tecnologia que a AWS disponibiliza em seu console. Na prática, isso significa que uma varejista, por exemplo, pode inserir informações de diversos funis (como vendas e perfil de consumidores) e perguntar ao robô a melhor forma de usá-los para atingir determinado resultado. Além de criar novas aplicações, é possível automatizar funções, como elaboração de gráficos e dashboards.
De acordo com a AWS, diferentemente de outras soluções, a empresa não tem acesso às informações do cliente, que também pode limitar conexões internas. Durante sua apresentação, Selipsky disse que a AWS construiu o produto tendo a segurança dos dados como prioridade e inseriu todas as camadas de proteção possíveis. Ele também ressaltou o fato de que a companhia tem trabalhado com o conceito de IA responsável. Um dos exemplos práticos disso é o foco na redução das chamadas “alucinações” dos robôs – ou seja, quando dão respostas a partir de informações que não são reais.
O discurso da AWS é que a IA generativa vai ajudar empresas a economizar tempo, melhorar eficiência e reduzir custos. O papel dos colaboradores, no entanto, permaneceria crucial. “Há o trabalho braçal [que pode ser automatizado], mas não vamos subestimar o lado humano, que faz os ajustes e insere os prompts necessários”, afirmou Alex Coqueiro, diretor de tecnologia da AWS para América Latina, Canadá e Caribe, em conversa com PEGN.
O Amazon Q está disponível apenas em esquema de preview, mas sem restrição a regiões. Os preços partem de US$ 20 por usuário ao mês.
Por Juliana Ventura, PEGN
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28/11/2023 - Quer deixar o emprego para empreender? Veja dicas para tirar sua ideia do papel
Uma parcela de 67% da população adulta do Brasil está envolvida com empreendedorismo, segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2022. Desses, cerca de 45% já têm um negócio e quase 55% ainda são potenciais empreendedores — aqueles que pretendem começar a montar a própria empresa nos próximos três anos. Mas como essa parcela da população pode deixar um emprego formal e criar um empreendimento de forma tranquila? Planejamento financeiro, estudo do segmento e dedicação são alguns dos elementos que ajudam nessa transição.
PEGN conversou com especialistas e listou as principais dicas para ter sucesso ao migrar para o empreendedorismo. Confira:
Adquira conhecimento
O desejo de ter maior liberdade profissional, construir riqueza e fazer a diferença no mundo são alguns dos fatores que podem levar uma pessoa a decidir empreender. Mas, antes de deixar de lado a estabilidade de um emprego e virar o seu próprio chefe, é importante entender com o que se gostaria de trabalhar e obter os conhecimentos necessários.
“No começo, pode ser que muitas possibilidades se apresentem. Fazer uma seleção considerando o perfil necessário e o nível de familiaridade com o negócio a ser criado é essencial”, opina Cintia Martins, consultora de negócios do Sebrae-SP. Ela também indica a importância de pesquisar o mercado a fim de entender como ele se comporta e se existe espaço para se destacar.
Para entender melhor o segmento e garantir que conseguirá atuar na área, é possível começar a se dedicar ao tema enquanto ainda está empregado. Graziella Maria Comini, professora do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo (FEA-USP), sugere a participação em eventos, a avaliação de tendências e o contato com empreendedores do setor.
“Conversar com pessoas é muito relevante nessa etapa e, quando a pessoa desconhece totalmente uma área, pode pensar na possibilidade de encontrar um sócio que domine o assunto”, diz a professora.
Planejamento
Com o conhecimento da área do negócio adquirido, é o momento de começar a colocar as ideias no papel. Um bom caminho é pensar em algumas perguntas sobre como o empreendimento vai funcionar. Martins sugere algumas questões:
- Terei um ponto físico?
- Minha estratégia será online?
- Quem serão meus clientes?
- Qual será minha entrega de valor?
- Como meu produto ou serviço chegará ao cliente?
- Qual será a minha estrutura de custos?
Criar metas, ações e prazos também ajuda na execução e gestão do tempo neste momento. E não se esqueça de fazer o planejamento financeiro — considerado o “coração da empresa”, segundo a consultora do Sebrae. “Quando você vai empreender, deixa de lado a previsibilidade do salário mensal e passa por um período de desembolso”, pontua Comini. Segundo ela, é comum levar cerca de dois anos para começar a reverter essa curva e ver os ganhos superarem os custos.
Por meio desse plano, o empreendedor saberá quanto precisa investir, quais serão os gastos mensais e quanto precisa ter no caixa para sobreviver por um tempo mínimo de seis meses. Esse fôlego inicial será essencial durante o desenvolvimento do negócio, que nem sempre terá entrada de caixas nos primeiros meses.
Algumas etapas para esse momento são:
1. Definição dos objetivos empresariais
Entender o que quer alcançar com o empreendimento é uma maneira de se direcionar e decidir o investimento que será realizado. Nesse momento, também é essencial considerar o impacto que esse valor terá na vida pessoal. “[Estime] quanto você pode guardar sem que afete a dinâmica familiar, porque se não podem surgir muitas discussões internas que afetam a continuidade do empreendimento”, diz a professora.
2. Monitoramento contínuo
O que está no papel nem sempre ocorre como esperamos, por isso, ficar de olho se as metas estão sendo alcançadas servirá como um termômetro para decidir quando é o momento de ajustar o planejamento inicial.
“Os dados financeiros contribuem para decisões assertivas”, ressalta Martins. Para analisar se os resultados estão chegando, fique atento ao fluxo de caixa — não foque em apenas ter dinheiro sobrando, e sim em ter recursos suficientes para manter o negócio.
3. Revisão de preços
A precificação feita no início nem sempre é a ideal – e muito menos definitiva. Considere se os gastos do dia a dia, como os custos do negócio e pagamentos de fornecedores, estão sofrendo mudanças e fique de olho nos valores que estão sendo aplicados no mercado.
Colocando em prática
Para tirar o plano do papel e colocar em ação, o empreendedor precisa decidir como a empresa será formalizada. “É preciso compreender se haverá sócios ou não, realizar a abertura junto aos órgãos responsáveis e, se necessário, contratar uma contabilidade”, complementa Martins. Uma das formas mais comuns de começar é se tornando Microempreendedor Individual (MEI).
Também é preciso pensar no desenvolvimento de marcas e logos e em como o negócio será divulgado. Uma dica de Comini para facilitar essas etapas, que podem demandar gastos com a contratação de profissionais, é buscar serviços de empresas juniores — que são realizados por alunos de universidades, com o apoio de professores, e costumam ter um preço abaixo do mercado.
Nessa etapa, é preciso sempre ter em mente o planejamento financeiro e monitorar os resultados obtidos. Caso o empreendedor tenha muitas dúvidas durante o planejamento e a abertura, Comini sugere a busca por cursos gratuitos que orientem as pessoas sobre negócios e empreendedorismo.
Negócio iniciado: é possível conciliar com o emprego?
Não há uma resposta certa sobre a conciliação entre trabalho formal e empreendedorismo, mas as especialistas possuem uma visão comum: quanto mais tempo dedicado, maiores as chances de sucesso. Para a professora, ter a atenção dividida pode afetar os empreendimentos que estão em busca de investidores. “Qual é a energia que eu estou gastando para alcançar o ponto de equilíbrio entre receita e custos?”, questiona.
Ambas sugerem que, caso financeiramente não seja possível deixar o emprego desde o início, o empreendedor pode contratar alguém ou ter um sócio que poderá se dedicar integralmente.
Caso a escolha seja por conciliar os dois trabalhos, como saber o momento certo de seguir apenas com o negócio? Martins sugere que as metas iniciais sejam atingidas e que seja possível sustentar os gastos da empresa e do empreendedor. Se for o caso, também é importante envolver a família na conversa para avaliar a situação financeira do momento.
Elas ressaltam, porém, que análise deve ser feita caso a caso. “É muito importante tomar as decisões baseadas em dados e fatos, para que não haja frustração e desgastes durante o processo”, pontua Martins.
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27/11/2023 - Intercâmbio cultural ajuda a combater desinformação em redes sociais
De acordo com um estudo publicado recentemente na “Frontiers in Psychology”, as pessoas tendem a ser mais minuciosas ao checar postagens em redes sociais e demonstram mais disposição para reconsiderar suas próprias crenças quando estão ao lado de alguém de uma cultura diferente da sua.
Se você é francês, é menos provável que acredite em um tuíte que afirma que a Grã-Bretanha produz mais variedades de queijo do que a França, em comparação com um inglês. E, se é inglês, há mais chances de acreditar em um tuíte que diz que apenas 43% dos franceses tomam banho diariamente.
A DESINFORMAÇÃO NAS REDES SOCIAIS REPRESENTA UM DOS MAIORES DESAFIOS DO NOSSO TEMPO.
O mais intrigante é que, quando duplas compostas por ambas as nacionalidades verificaram esses tuítes juntas, a forma como o fizeram e a medida em que reconsideraram suas crenças dependiam do quanto concordavam ou discordavam em termos de identidade cultural.
Descobrimos que duplas de pessoas que compartilham a mesma visão se concentram mais em confirmar evidências e manter suas crenças iniciais, enquanto duplas discordantes se envolvem em pesquisas mais aprofundadas e ajustam suas crenças de acordo com as evidências.
POR QUE ISSO IMPORTA
A desinformação nas redes sociais representa um dos maiores desafios do nosso tempo. Ela contribui para a polarização na política e influencia desde o voto até os hábitos de vacinação e de reciclagem das pessoas. Além disso, mesmo quando uma notícia falsa é desmentida, muitos continuam acreditando nela.
Nas últimas semanas, a desinformação sobre a guerra entre Israel e o Hamas atingiu níveis sem precedentes, e está alimentando tensões étnicas, religiosas e políticas em todo o mundo.
POUCOS ESTUDOS SOBRE DESINFORMAÇÃO EXAMINAM OS PROCESSOS ATRAVÉS DOS QUAIS AS PESSOAS AVALIAM O QUE LEEM ONLINE.
Para enfrentar esse desafio, os pesquisadores precisam entender melhor como as pessoas processam informações online. Além de contribuir para essa compreensão, nossas descobertas sugerem que reunir pessoas com diferentes perspectivas para verificar postagens polêmicas nas redes sociais pode melhorar a alfabetização midiática e a capacidade de participar de um diálogo civilizado.
Porém, isso pode não ser uma tarefa fácil. Em tempos de polarização, é desafiador até mesmo colocar pessoas de lados opostos em uma mesma sala para conversar abertamente, em vez de lançarem frases de efeito – e coisas piores – umas contra as outras.
No entanto, acreditamos que instituições educacionais comprometidas em promover o debate informado e preparar futuros cidadãos continuam sendo alguns dos lugares mais promissores para tentar essa abordagem.
O PRÓXIMO PASSO
Em estudos futuros, planejamos abordar tópicos mais controversos do que queijo ou higiene pessoal para verificar se o efeito moderador de duplas discordantes ainda se mantém.
Por exemplo, poderíamos apresentar a duplas compostas por israelenses e palestinos postagens em redes sociais sobre a explosão no hospital al-Ahli em 27 de outubro – um evento tão controverso que o “The New York Times” ainda está com dificuldade de explicar sua atribuição inicial da explosão a uma bomba israelense em vez de um míssil da Jihad Islâmica.
EM TEMPOS DE POLARIZAÇÃO, É DESAFIADOR ATÉ MESMO COLOCAR PESSOAS DE LADOS OPOSTOS EM UMA MESMA SALA PARA CONVERSAR ABERTAMENTE.
Observar como duplas compatíveis e discordantes verificam tais postagens forneceria insights sobre como a controvérsia de um tuíte afeta a capacidade das pessoas de verificá-lo efetivamente.
Em particular, quando são apresentadas a um tema polêmico que envolve a questão da identidade, as duplas discordantes ainda superam as outras, ou a controvérsia do conteúdo impede uma colaboração eficaz?
Muitas pesquisas sobre desinformação se concentram em quais indivíduos acreditam em notícias falsas e como elas se espalham. Poucos estudos examinam os processos através dos quais as pessoas avaliam o que leem online.
Nossa abordagem é criar situações experimentais em que essas avaliações sejam naturais e observáveis. Neste estudo, desenvolvemos uma nova configuração de pesquisa baseada no fato de que compartilhar e discutir postagens em redes sociais com outras pessoas é uma tarefa cotidiana.
SOBRE O AUTOR
Eli Gottlieb é pesquisador sênior em educação e desenvolvimento humano na Universidade George Washington.
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24/11/2023 - Como conquistar "brand lovers", segundo especialistas de 4 marcas amadas no Brasil
Você já se apaixonou por uma marca? "Brand lovers" são clientes que têm uma relação emocional com uma empresa — adquirindo lançamentos, recomendando e defendendo a companhia.
Esses clientes são fundamentais para o reconhecimento e construção de reputação da companhia. “Os 'brand lovers' se sentem como donos da marca de uma certa forma, promovendo-a ativamente em seus círculos pessoais e, consequentemente, fortalecendo-a organicamente”, opina Marcela De Masi, diretora de branding do Grupo Boticário.
Mas conquistar esses clientes fiéis? Conversamos com os responsáveis pelo marketing de quatro das empresas mais amadas do Brasil segundo o Net Love Score 2023, ranking anual da Ecglobal das dez marcas que mais conquistaram o público, e reunimos dicas para os pequenos empreendedores conquistarem brand lovers. Confira:
Esteja presente e tenha um propósito
O iFood (1º lugar da lista) diz que a aposta na inovação e na atenção ao cliente dá resultado. Também está presente em datas importantes para os brasileiros — com patrocínios da Copa do Mundo e ativações em eventos culturais, por exemplo. Para Ana Gabriela Lopes, diretora de marketing da empresa, os pequenos empreendedores conseguem aproveitar essa estratégia. Mesmo que estruturas de ativação sejam inacessíveis, ele pode apostar em parcerias locais.
Lopes também destaca a importância de as marcas mostrarem suas iniciativas sociais e ambientais. "Empresas pequenas precisam estar atentas a isso: como ela está usando as embalagens, que ação social que ela consegue fazer? Isso é algo que cada vez mais os clientes vão valorizar. Eles querem saber o propósito da empresa", opina.
Crie experiências de marca
A forma de falar sobre dinheiro do Nubank (5º) é um dos diferenciais da empresa no setor financeiro e é o que atrai os fãs, segundo a diretora de marketing Juliana Roschel. Para ela, um fator importante para conquistar "brand lovers" é se distinguir de outras marcas do setor.
Uma boa estratégia é criar experiências de marca. “Foi pensando nisso que lançamos o Jogo da Vida do Nubank, em parceria com a Estrela, que traz conceitos de educação financeira de forma divertida, com estratégias que podem ser aplicadas no dia a dia”, exemplifica Roschel.
Escute o cliente
Para Marcela De Masi, diretora de branding e comunicação do Grupo Boticário, a memória afetiva das fragrâncias, a confiança no relacionamento com o consumidor e a busca de soluções inovadoras são essenciais para que uma marca conquiste "brand lovers". Acima de tudo, segundo ela, é importante alinhar as expectativas do consumidor a essas características. No caso da O Boticário, isso é refletido nas lojas-conceito da marca e com a volta de produtos antigos dos quais os clientes sentem saudade.
Para o pequeno empreendedor, a dica é acompanhar as tendências e escutar os consumidores. “Considero fundamental estar atento ao comportamento do público e antecipar soluções para sua experiência de compras. As mudanças nos hábitos de consumo exigem agilidade e inovação para sustentar diferentes modelos de negócio”, diz De Masi. “O contato direto e profundo é fundamental para qualquer relação de amor”, complementa.
Defina objetivos
Uma construção de marca construída há mais de 60 anos que foca na brasilidade é a estratégia principal da Havaianas (7º) se conectar com o público. A variedade de produtos para os diferentes perfis de consumidores também contribui para que a empresa se consolide como uma "love brand".
Para as marcas com menos anos no mercado, a dica de Mariana Rhormens, diretora de marketing da Havaianas, é ter objetivos e ser consistente. “Defina uma missão clara e valores para guiar as decisões da empresa, estabelecendo objetivos específicos e mensuráveis para orientar o desenvolvimento da marca. E mantenha a mensagem clara em todos os canais de comunicação”, diz.
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Dúvidas |
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Caso tenha alguma dúvida ou gostaria de obter maiores informações, basta utilizar um dos canais disponíveis abaixo:
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